A NiT falou da SAGA: cookies, café e cultura no coração de Braga

A NiT falou da SAGA: cookies, café e cultura no coração de Braga

As cookies nasceram na América por acaso — dizem que foi na década de 30, quando Ruth Wakefield, dona da estalagem Toll House, em Massachusetts, partiu pedaços de chocolate numa massa de bolacha achando que derreteriam no forno. Não derreteram. Em vez disso, criaram pequenos bolsos de chocolate que mudaram a história da pastelaria. Desde então, estas bolachas espalharam-se pelo mundo como um símbolo de conforto — um doce que não precisa de ocasião para ser saboreado.

Em Portugal, demoraram a conquistar espaço. Primeiro chegaram tímidas, em cafés gourmet de Lisboa e Porto, depois começaram a ganhar lugar em pastelarias modernas e espaços dedicados ao brunch. Faltava, contudo, um projeto que levasse as cookies a sério — e agora, esse espaço existe em Braga.

 

Chama-se SAGA: Cookies, Coffee & Culture, abriu oficialmente a 23 de setembro no centro histórico, e promete ser muito mais do que uma loja de bolachas. “Após um ano a viver em Londres e a consumir mais cookies do que seria recomendável, percebi que queria trazer essa experiência para Braga”, conta Patrícia Cardoso, fundadora do projeto.

 

“Não havia na cidade um espaço que unisse boa pastelaria e um estilo de vida descontraído, de forma autêntica.” A ideia nasceu, portanto, de uma vontade simples: “fazer algo com sabor, mas também com alma.”

 

O nome, SAGA, não surgiu por acaso: foi escolhido por significar “jornadas, experiências e imperfeições, como as da própria vida”. explica. “Cada cookie tem uma história, e cada pessoa que entra traz a sua”, explica a bracarense de 37 anos. Ao lado do marido, Vasco, engenheiro de software, criou uma marca que combina o artesanal e o contemporâneo. “A ideia não veio de um plano de negócios, veio de uma fome real: a de criar um lugar onde o moderno e o artesanal se sentassem à mesma mesa.”

Braga foi a escolha natural. “É casa, mas também é uma cidade em movimento, cheia de energia jovem e vontade de fazer diferente. Queríamos um lugar que refletisse essa mudança: um refúgio para quem aprecia o detalhe, o sabor e a boa conversa.”

As cookies são, claro, as estrelas da SAGA — densas, húmidas e reconfortantes, feitas com manteiga de verdade, farinhas simples e tempo. “A paciência é o ingrediente mais subestimado da pastelaria”, defende Patrícia. Cada fornada demora, pelo menos, um dia a chegar ao forno. O resultado? Textura perfeita e sabor intenso, como as americanas.

O menu inclui versões para todos os gostos: chocolate chip, lotus, red velvet, peanut butter, double choc e a cookie do mês, que muda conforme a estação — ou o humor da cozinheira. Há ainda brownies (clássico e salted caramel) e cinnamon rolls, simples ou com creme. Os preços variam entre os 3€ e 3,50€, e as encomendas personalizadas (para eventos, coffee breaks e bolos de aniversário) são cada vez mais procuradas.

Contudo, a SAGA vai muito além das sobremesas. Há uma carta completa de refeições leves — perfeita para pequenos-almoços, almoços rápidos e lanches longos. Entre as opções mais pedidas estão as focaccias caseiras, feitas diariamente, e as tostas como a mediterrânea (presunto, burrata, pesto e rúcula), a de peru fumado com queijo creme e tomate seco, e a vegetariana, com húmus, tomate seco e azeitonas. Os preços oscilam entre 3,50€ e 8,50€.

E, porque as cookies pedem sempre companhia, há também uma extensa carta de bebidas — dos cafés clássicos aos lattes especiais (caramel, moccha, pumpkin spice e dirty chai latte), passando por bebidas frias como iced Lattes e o refrescante red citrus sparkle. Para quem gosta de algo mais festivo, há ainda Porto tónico, Aperol Spritz e Mateus Rosé. Os preços variam entre 2€ e 8,50€.

O espaço, localizado numa das ruas mais movimentadas da cidade, é acolhedor e luminoso. As paredes de madeira clara e o chão vermelho criam uma atmosfera quente e descontraída. Há mesas pequenas, cadeiras de diferentes estilos e um balcão que convida a ficar — mesmo que o plano inicial fosse “só um café rápido”. Lá dentro, o cheiro a cookie quente mistura-se com música e boa energia. “Queremos que as pessoas entrem e se sintam em casa, com vontade de ficar mais tempo do que planeavam”, diz Patrícia.

A cultura também faz parte da receita. A SAGA prepara uma agenda regular de eventos, com DJ sets, colaborações com artistas locais, workshops criativos e uma área dedicada a merchandising e design. “Queremos que o espaço funcione como um ponto de encontro entre gastronomia e cultura urbana. Menos ruído, mais substância”, resume a fundadora.

As primeiras semanas foram intensas — e emocionantes. “As pessoas entram por curiosidade e ficam pelo ambiente. Ouvimos muitas vezes: ‘finalmente abriu algo assim em Braga’, e isso, para nós, diz tudo.” Mais do que vender cookies, a SAGA quer criar uma comunidade. Um lugar onde se mistura o café, a arte, a conversa e o cheiro doce do forno.

“Acreditamos na autenticidade, no detalhe e no carácter. É isso que queremos continuar a fazer crescer”, sublinha Patrícia, aproveitando para resumir o espírito do projeto em poucas palavras: “menos ruído, mais cookies, mais cultura, mais nós.”

 

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